"Nunca conheci quem tivesse levado porrada."

2005/04/21

Limitação de mandatos I – Opiniões...


Ponto Prévio: Os próximos posts sobre o titulo acima descrito, resultam da transcrição de uma troca de emails entre o autor do Lápis de Cor e o seu grupo de amigos próximos, por intermédio de um email-group designado por “caxineiros”. Ate autorização expressa em contrario do autor do email, o verdadeiro sujeito do comentário foi substituído por uma inicial não relacionável com o seu verdadeiro nome.




“A” publicou um pequeno texto num jornal:

“Celebremos! Existe consenso aparente na política nacional em relação à limitação dos mandatos aos cargos electivos locais, como presidentes de Junta, Câmara e Governos Regionais! Mas devemos realmente celebrar? Devemos aceitar que nos digam que não podemos voltar a eleger aquele que consideramos o mais competente? A mim, sinceramente, soa a um atentado à liberdade de voto do eleitor, assim como é um atentado à liberdade de qualquer cidadão que se queira candidatar. Imaginemos um sistema em que cidadãos são proibidos de se candidatar a um cargo que até desempenharam bem… Será democrático? Podemos estar a assistir a um movimento de invejas e sedes de poder por parte de todos aqueles que não conseguem ser eleitos, no sentido de limitar a escolha dos eleitores. Parecem miúdos a reivindicar a sua vez de andar no carrossel… tenham juízo, meus senhores!”


“B” iniciou o debate ao comentar:

“Um tema debatido por muitos filósofos, habilmente utilizado por muitos politico, regularmente perdido no discurso de outros...
E' quanto 'a forma, “A”, que me permito um comentário em relação ao teu artigo. fico sinceramente feliz por ti (e por este cada vez mais participativo fórum de caxineiros!) e aplaudo a atitude de intervir activamente em algo tão importante, em especial para os madeirenses (digo-o não por serem especiais a este respeito mas porque são o único eleitorado sobre o qual o actual visado da nova lei se opôs e portanto questionou o sistema com a acção popular q o suporta há 27 anos).

Portanto, e se quanto ao conteúdo muitas perspectivas terão - na minha opinião
-validade, incluindo a tua, já quanto a forma devo discordar. o recurso estilístico da narrativa pretende ser provocador mas acaba perigosamente enviesado de conotação politica. bem sei q a maioria dos destinatários ira ler a noticia numa perspectiva diferente da minha, mas as nossas ideias ganham forca quando nos distanciamos daquilo q poderá fazer levar o receptor a interpretar qualquer interesse descabido naquilo q dizemos... terminar o texto com uma frase tirada do "livro" do Jardim e’ como assinar o texto sem dizer o nome. “A”, amigo, se forte e resiste a tentação!!


“A” responde ao inicio do debate, sendo que a discussão começa a fugir para as questões da (falta) participação cívica dos portugueses:

Caro “B”: estive a pensar no teu comentário, e cheguei à conclusão de que
achaste que o objectivo do que escrevi era defender o Alberto Jardim. Nada mais
errado: em primeiro lugar, escolhi (referencia ao Jornal) por saber ser mais fácil
publicarem-me o texto, e mesmo assim escolhi o (referencia ao Jornal), jornal da oposição em detrimento do Jornal da Madeira, este sim, do status quo, exactamente para
evitar esse tipo de confusão; em segundo lugar, quero defender o voto do
povo, mesmo se para isso tenha que defender que pessoas como Mário Almeida e
Mesquita Machado só possam sair do poleiro por sufrágio popular.
Devo até dizer que quero ver o M.A. ser derrubado nas urnas, e não por
batota política, transformando-o numa espécie de mártir.
Senão pergunte-se: porque é que eles lá estão? R: O povo vota neles. E
porque é que o povo vota neles? R: Porque gosta deles; porque a maioria acha
que eles fazem um bom trabalho; porque eles coçam as barrigas certas para
ter votos; sabe-se lá porquê... A verdade é que quem está em falta aqui são
as oposições, que se mostram insuficientes, algumas incompetentes, para
fazer ver ao povo o seu ponto de vista. Eventualmente, somos nós, os que
gostam e se interessam pelas coisas, os maiores responsáveis. Vemos e
sabemos de coisas potencialmente prejudiciais, mas não reclamamos de forma
audível. Não as explicamos ao povo, de forma a influenciar as opiniões.
A culpa é minha. Mas também é tua.”



“B” volta a enviar um email de forma a defender o seu ponto e clarificar junto de “A” a sua opiniao:


Caro “A”,

Desculpa voltar a discordar, mas a tua conclusão em relação ao meu
comentário esta errada. Repara que aquilo que comentei foi a FORMA. E não o
CONTEUDO se estivesse a aludir a qualquer defesa de posição... Alias, acho q
se nota claramente que exprimes a tua opinião quanto ao ASSUNTO e não quanto aos
VISADOS (ate porque, e como bem referes no ultimo email, eles pertencem a todos
os quadrantes políticos). O que eu reconheci no texto - e poderei estar
errado - foi que deixaste a tua linha de raciocínio "fugir" por um estilo q
e' demarcadamente do "Tio Alberto" e aqui apenas dele e não do partido ou
mesmo dos restante visados pela medida. Espero ter sido mais claro agora.

Quanto as razoes pela qual estes senhores perduram, elas podem ser todas as que
referiste e ainda mais algumas. A questão não esta mesmo na forma como se
pretende "calibrar" o sistema. Esta calibragem pressupõe "melhoria" e e' ai
que me parece que tu discordas. E aqui a questão passa a ser "será q os fins
justificam - estes - meios"? será que podíamos mitigar os atritos (lobbies
politico, factores psicológicos q influenciam os eleitores, a ineficiência
da oposição, etc) por forma a tornar o actual (sem limitação de mandatos)
sistema mais justo?

Isto leva-nos ao teu argumento final de que a culpa e’ tua. E minha.
Discordo. Não e’ nem minha nem tua! Não e’ tua porque tu praticas a tua acção
cívica: escreves para jornais, "postas" na net, debates com amigos, etc; não
e’ minha porque também o faço; não e’ de nenhum de nos porque usamos o voto para
exprimir as nossas convicções da forma mais informada possível. A culpa e’e
de quem se ALHEIA da realidade politica e esta mais preocupado com o próximo
campeonato do Benfica que com o próximo Governo ou a Constituição Europeia...
A culpa e’ de quem chama a si a responsabilidade social de um contributo
politico e depois não o cumpre cabalmente ou ate o corrompe! A culpa e’ de
muitos meios de comunicação social q multiplicam estes efeitos e ignoram
outros movimentos bem mais "saudáveis" por não serem sensacionalistas!
A culpa não e’ nossa. A culpa e’ deles. Mas eles acham que não... se calhar
sou eu que estou...

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