Prometido é devido.
Volto ao facto de o NYTimes dar destaque especial e muito positivo à Casa da Musica do Porto.
O referido artigo de hoje do NYTimes faz mais pelo turismo no Porto do que inúmeros milhares de euros gastos em campanhas do ICEP.
O que era Bilbau antes do Museu Guggenheim? Por todo o mundo, questiona-se sobre Bilbao e de imediato se liga o nome da cidade ao museu desenhado por Frank O. Gehry. Hoje em dia, uma grande maioria, esmagadora segundo os dados que consultei, visita a cidade com o objectivo de “ver” o museu.
A Casa da Musica vai oferecer ao Porto a mesma notoriedade que o museu Guggenheim deu para a cidade basca.
Ate aqui tudo bem, tudo o que escrevi não é novidade nenhuma nem nada de novo... Mas o que me leva a escrever estas linhas assume-se no facto do desaproveitamento, obvio e pouco discutido, que se faz das características únicas que o Porto tem no campo da arquitectura Europeia.
O Porto tem condições para fazer da cidade a capital europeia da arquitectura. Para isso deve apenas seguir o exemplo de Bilbao.
Bilbao, cidade, decidiu relançar a sua imagem como cidade de importância europeia, ao "emprestar" importantes projectos para a cidade a arquitectos de renome internacional (e.g. rede de metro a Norman Foster, novo aeroporto de Santiago Calatrava...).
O Porto por seu lado retêm uma escola de Arquitectura que é referenciada com uma das mais importantes e prestigiadas ao nível europeu e dois dos mais importantes arquitectos do país e da Europa vivem e trabalham na cidade (Siza e Souto Moura), podendo e devendo jogar essa enorme vantagem a seu favor.
Em ano de autárquicas e numa altura em que se continua a falar que o Porto necessita de um projecto acutilante para a cidade, empresto a ideia de tornar o Porto referencia mundial da arquitectura aproveitando a boleia que a Casa da Musica vai oferecer ao Porto.
Em suma, entendo que o Porto deve sustentar o seu futuro em dois pontos fundamentais: Arquitectura e Ciência (dois pontos onde o Porto mantêm, ainda, vantagens competitivas sobre Lisboa). Não é simples nem imediato, mas esses dois aspectos resolveriam muitos dos actuais problemas da cidade (antecipadamente diagnosticados por muitos, como por exemplo: redução de população, falta de centros de decisão).
A Casa da Musica será uma oportunidade desaproveitada se for entendida com um fim que se esgota no edificio em si...
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