"Nunca conheci quem tivesse levado porrada."

2004/01/30

O que ando para aqui a fazer?

a
Ja passaram cerca de dois anos que escrevi isto...
Vai um resumo do meu projecto de Doutoramento:
A engenharia de tecidos apresenta-se como uma estratégia revolucionaria para tratar pacientes que necessitem de novos órgãos ou tecidos. Uma larga variedade de tecidos têm sido formados através de técnicas desenvolvidas pela engenharia de tecidos. Uma estratégia normalmente utilizada consiste em incorporar células, proteínas e/ou genes específicos de determinado tecido em matrizes poliméricas 3D, que actuam como semelhantes da matriz extracelular natural presente nos tecidos. Os veículos poliméricos de transporte têm sido, com sucesso, amplamente aproveitados para o desenvolvimento de uma larga variedade de tecidos. A angiogenese (formação de novos vasos sanguíneos) é essencial para o desenvolvimento de muitos dos tecidos, sendo também um componente crítico de todas as técnicas usadas na engenharia de tecidos. O mecanismo da angiogenese consiste numa série de eventos moleculares e celulares onde as células endoteliais, células musculares lisas e inúmeras proteínas interagem entre si. No entanto, este mecanismo continua em parte desconhecido. A hipótese que irá ser testada neste trabalho consiste em desenvolver e testar um sistema polimérico que permita a libertação, localizável e controlável, de moléculas angiogénicas, com o objectivo final de promover a formação colateral de vasos sanguíneos e aumentar o fluxo sanguíneo num tecido cardíaco isquémico. A utilização de um hidrogel como veículo de transporte apresenta-se como uma inovadora e promissora estratégia, pois permite que a injecção do polímero no organismo se efectue de uma forma pouco invasiva. Os materiais utilizados para a preparação das microesferas serão de origem natural, sendo o alginato, colagénio ou ácido poli-lactico os adequados numa primeira fase por associarem biocompatibilidade com biodegradabilidade. Recentes estudos defendem que o factor de crescimento endoteleial vascular e o factor de crescimento básico de fibroblastos promovem a angiogenese, constituindo como moléculas candidatas a serem usadas neste estudo. Numa fase inicial todo o sistema de libertação das moléculas angiogénicas será testado como implante subcutâneo em rato. Numa fase mais avançada o modelo de estudo será o tecido cardíaco isquémico com o intuito da obtenção de um conhecimento mais fundamentado da biofuncionalidade de todo o sistema. O sistema polimérico idealizado para este estudo será altamente versátil, podendo ser reorientada a sua funcionalidade para outras aplicações terapêuticas. Por outro lado, este sistema polimérico biodegradável poderá fornecer informações importantes no estudo dos mecanismos moleculares relacionados com a desestabilização, regressão e remodelação dos vasos sanguíneos. Num futuro próximo estas poderão ser extremamente úteis em aplicações de terapias anti-angiogénicas (i.e. crescimento de tumores).

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