"Nunca conheci quem tivesse levado porrada."

2004/04/15

Concordo, mas...

a
Caro Paulo, nao tenho duvidas que as nossas Universidades nao primam pela excelencia e qualidade, porque nao existe competicao entre elas pelos melhores alunos e professores. O mais importante e' o numero de alunos de forca a ter o racio necessario para receber mais do estado... Alias vou mais longe ao afirmar que muito do pior da nossa sociedade, muitas das vezes, se encontram nas nossas Universidades tal e’ o laxismo, perguica e a rede de interesses corporativistas instaladas nesses establecimentos de ensino superior. Sao muitas, mesmo muitas, as pessoas que lecionam nas nossas universidades e que ainda nao entenderam que uma universidade nao pode ser um local de ensino secundario superior. Falar em investigacao cientifica e’ para muitos o mesmo que “sacar uns dinheiros publicos nuns projectos para comprar uns computadores ou algo”…
Por outro lado, tambem concordo que para alguem de 30-40 anos ter aquele numero de artigos publicados nao e’ facil.
Agora o problema esta na analise errada das medidas do governo. As medidas anunciadas nao sao destinadas para os jovens investigadores, pois para isso e em paralelo existira um outro programa “para a insercao porfissional em Portugal de jovens investigadores radicados nos estrangeiro, no ambito do Programa Ciencia 2010”. O que o governo pretende, e bem defendo eu, e’ a excelencia e trazer para Portugal investigadores portugueses, mas nao so’, de reputacao e trabalho validado pela qualidade. Distancio-me do Governo, como ja defendi e expliquei porque, nos criterios escolhidos, pois tenho muitas duvidas dos criterios quantitativos na ciencia. Agora tambem reconheco que nao e’ facil estipular criterios isentos e transparentes…

Mas existem pontos importantes nas medidas do Governo, nomeadamente o facto de o financiamento passar a ter em conta “o indice de transferencia de tecnologia”. Este ponto e’ essencial para um pais como o nosso onde a investigacao cientifica apenas recebe 0,2% de investimento privado (quando a “regra” dos 3% do PIB para ciencia, decidida pela UE em Lisboa, aponta para 1% do estado e 2% privado/empresas).

Em suma, Paulo, considero que sao passos positivos estes do Governo mas, sem uma reforma na estrutura das Universidades, estas medidas podem ter um efeito temporalmente imediato mas nao sustentavel… Estamos ambos de acordo em muitos pontos, mas suspeito ter uma visao mais optimista da situacao... Nao ligues, pode ser da minha tenra idade...

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