"Nunca conheci quem tivesse levado porrada."

2008/03/02

A teoria da relatividade no colesterol


Se é verdade que na biomedicina nem tudo é simples nem linear, também é verdade que existem algumas ideias simples e gerais que toda a gente assimila e pelas quais se guia. Por exemplo, todos sabemos que no que diz respeito ao colesterol existem os "bons" (HDL – lipoproteínas de elevada densidade ) e os "maus" da fita (LDL – lipoproteínas de baixa densidade). Por outro lado, é também do conhecimento da generalidade da população que a recorrente presença em teores elevados do "mau" colesterol acarreta elevados riscos de saúde, nomeadamente aumenta o risco de graves complicações ao nível das doenças cardiovasculares. De acordo? – Bem, nem por isso...
Muito recentemente, uma serie de estudos internos da farmacêutica Merck foram publicados e de imediato tiveram larga publicidade, pois concluíam que não existia nenhuma relação directa entre a diminuição dos níveis do "mau" colesterol e a diminuição da taxa de mortalidade associada com as doenças cardiovasculares. Ou seja, o colesterol ("o mau") baixava de facto mas as pessoas continuavam a morrer de doenças cardiovasculares da mesma forma e ritmo. O raciocínio medico estava incorrecto: baixo colesterol também mata na mesma escala que alto colesterol.
É assim que nasce a ideia da teoria da relatividade no colesterol. Os níveis de colesterol são relativos e dependem da perspectiva com que se analisa, mas principalmente deve-se ter em mente de que existem varias dimensões no problema do colesterol. É útil manter os níveis do "mau" colesterol baixos, mas ao mesmo tempo é também importante balancear estes níveis baixos do mau, com elevados níveis do "bom" colesterol. No fundo, a teoria da relatividade no colesterol também nos relembra que é crucial prestar atenção aos hábitos alimentares, actividade física e controlo do peso – todos, factores críticos para manter os níveis de colesterol equilibrados e saudáveis.
Esta constatação de que baixo colesterol mata da mesma forma que alto colesterol, responsabiliza mais as pessoas a terem atenção ao tipo de vida que levam, pois as pessoas facilmente descuram e até mal tratam a sua saúde quando sabem que existe uma "pílula milagrosa" que os vai ajudar mais tarde. Por outro lado, são também boas noticias para a medicina por se verificar que mais uma ortodoxia cientifica foi desafiada.

1 comentário:

José Leite disse...

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