"Nunca conheci quem tivesse levado porrada."

2003/10/21

Nunca antes dos 25...

Os resultados do inquérito encomendado pelo o Expresso desta semana apresenta dados interessantes que devem ser analisados e debatidos.
Para 57% dos jovens inquiridos, sair de casa dos pais, só depois dos 25 anos de idade.
Existe até um caso, retratado na reportagem, de um jovem que não mora com os pais; mas almoça, janta e lava a roupa em casa da mãe.
Todos sabemos o quanto é verdade este comportamento nosso.
Não são poucas as vezes em que discuto este assunto com amigos e colegas.
Em Portugal, na nossa sociedade, os nossos valores, são muitas das vezes prejudiciais para o desenvolvimento do país. Quando se pede a um médico ou por exemplo a um professor, para se deslocar 100 km da sua área de residência, durante um período de tempo definido (por exemplo um ou dois anos), os protestos são imediatos e frequentes. Muito por causa disso existem falta de médicos em cidades do interior. As condições de trabalho até podem ser melhores, mas o facto é que muitos poucos são aqueles que responderiam afirmativamente ao pedido.
Ora que eu quero dizer é que existe em Portugal uma cultura comedista. Há expecções? Concerteza, que sim. Estarei a exagerar? Talvez, mas o facto é que a grande maioria dos jovens só sai de casa dos pais para se casar, ou então quando deslocado por motivos de estudo ou profissionais. É certo que a forma de encarar os laços familiares em Portuagl, são diferentes dos existentes em outros países europeus (por exemplo dos países nórdicos), mas tenho para mim que esta mentalidade só nos é prejudicial em termos de desenvolvimento.
Dou mais um exemplo...
Em Portugal, um aluno acaba uma licenciatura. Seguidamente decide prosseguir os seus estudos. Mestrado, Doutoramento, etc. Em Portugal é regra comum, o aluno fazer este trajecto dentro da mesma Faculdade e Departamento. No fim, digamos após o Doutoramento e na área da investigação, o comum é fazer um pós-doutoramento no mesmo local e trabalhando para o mesmo Orientador. Ora por exemplo, nos EUA, se um aluno seguir o precurso acima descrito é considerado com muito mau aluno. Após o doutoramento existe a "quase obrigatoriedade" de prosseguir a carreira científica em outro local e laboratório. Desse modo vemos pessoas (com naturalidade) a mudar de costa para trabalhar. Digo mudar e costa e não uns 100 ou 300 km...
O resultado é um aumento de competividade interna muito saudável. Deixa de existir, pelo menos é mais difícil, padrinhos e afilhados nos concursos para posições.
Como é comum afirmar o nosso principal problema é a nossa mentalidade...

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