Por muito que esteja curto de tempo, nao poderia ficar bem comigo proprio se nao fizesse nenhuma referencia 'a data do dia 4 de Dezembrode 1980.
Nesse sentido, e porque nao ha tempo para mais, transcrevo um artigo que escrevi sobre Camarate, no Terras do Ave.
Para terminar...
E' triste mas e' verdade... Experimentem fazer uma busca pelo Google ou Yahoo! pelo nome de Francisco Sa Carneiro. Vao ver a diminuta ou quase inexistente quantidade de informacao que existe sobre alguem que foi Primeiro-Ministro de Portugal e que faleceu (e' melhor nao utilizar outras palavras...) no desempenho desse cargo politico. E' assim que tratamos os nossos politicos... Provavelmente se fizermos uma busca com o nome de um jogador de futebol (por exemplo Luis Figo), o resultado e' completamente diferente...Prefiro nem tentar...
Dias antes de “emigrar” para o continente americano decidi comprar um livro, que hà muito pretendia ler. É um livro com um número considerável de páginas (678 páginas). Embora tivesse a ideia de que iria ter imenso tempo para ler, na solidão da noite, nem nas minhas “previsões literárias” mais optimistas, prognosticava que ao fim de 27 dias, fosse possível ler a totalidade das páginas. Tinha apenas de o ler até “às férias de Natal”, uma vez que tinha assumido com o meu irmão de o trazer para casa de forma a ele o ler.
Não se trata de um livro que narre um romance ou um polícial. Nem tão só, é um livro do meu género favorito, divulgação científica, apenas se trata de um livro que sustenta factualmente e sem juízos de valor, uma tese. A tese de que em Portugal, um Primeiro-Ministro e um Ministro da Defesa, foram assassinados, no dia 4 de Dezembro de 1980.
O livro a que me refiro é, obviamnete, da autoria de Ricardo Sá Fernandes: “O crime de Camarate”.
Desde de muito novo que comecei a admirar Francisco Sá Carneiro, não só pela imensa admiração incutida paternalmente, mas também pelo facto de ter lido alguns dos seus magníficos discursos. A admiração, hoje, mantém-se inalterável, embora saiba que a morte nos leva, involuntáriamente, a potenciar os aspectos positivos ou negativos de determinada pessoa, assentes em critérios, por vezes, pouco razoáveis. Lendo o livro do início até ao fim, verifica-se, que em certas passagens, este se apresenta um tanto ou pouco repetitivo, contudo a honestidade intelectual e factual com que o autor encarou este processo é tanta, que o leva a esclarecer toda e qualquer dúvida que possa inventualmente existir. Todos os cenários, por mais absurdos e improváveis que sejam, são analisados promenorizadamente.
Neste momento, após o acordão do Tribunal da Relação de Lisboa de 1 de Junho de 2000, aos olhos da Justiça Portuguesa o avião caiu e os seus ocupantes morreram, ponto. Explicações para o sucedido, não existem. Apenas se sabe que este colectivo de Juízes, “desmontou” a teória oficial de que o avião caiu, por inexistência de gasolina nos depósitos da asa esquerda, perdendo, por consequência, porpulsão na fase crítica de subida após descolagem, no entanto por aqui se ficaram no que diz respeito a mais conclusões. Mais do que estar aqui a elencar as justificações absurdas e patéticas com que a Comissão de Investigação, justificou a ocorrencia do dessastre, prefiro questionar como foi possível a sociedade acreditar nisso.
Conhecedor, agora, do processo, afirmo sem margem para dúvidas, existiu crime em Camarate. Mas mesmo considerando, em hipotese académica, que tal crime não existiu, garanto que, tendo em conta os factos apurados pela Comissão de Investigação (não considerando os factos, que deliberadamente foram ocultados), a impossibilidade de o avião ter caído pelas razões avançadas é por demais evidente aos olhos do comum mortal intelectualmente honesto.
Mas questiona-se: o referido acordão de 2000, foi deliberado tendo em conta novas provas ou indícios, apresentados pelos advogados das vítimas? Não! A resposta, chega a ser confrangedora para a Justiça Portuguesa (Tribunais e Ministério Público), pois foram necessários 20 anos para reconhecer que as conclusões da Comissão de Investigação são erradas. Sinceramente, prefiro não me questionar ou discutir, a razão pela qual o Estado Português não teve a coragem de enfrentar os factos e julgar o ocorrido, no entanto será imperdoável se não o fizer de futuro.
Termino, desapontado, espressando que não acredito, sinceramente, que algum dia se conheça com exactidão os autores morais e materiais deste crime. Contudo, tenho a certeza de que a “história registará que camarate foi um crime”, pois a memória das vítimas assim o exige.
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