"Nunca conheci quem tivesse levado porrada."

2004/03/11

O beija mão público…

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Hesitei antes de escrever este post. Hesitei, porque acho que a morte de alguém é algo de doloroso e que não deve ser passível de qualquer tipo de aproveitamento… Deve-se lidar com o facto de forma pessoal e no máximo de intimidade… Mas por outro lado, o que acontece com este falecimento é exactamente o contrário, por manifesta anuência dos implicados…
Não está em causa o acto em si. Mas sim a forma de utilizar meios de todos para “marcar pontos e mostrar que se está presente!”. Fosse eu familiar, até ficaria incomodado com esta situação. Não basta a nossa presença física para demonstrar o nosso apoio e entregar os nossos votos de pesar?…
Sete “anúncios” no Público de hoje, “veêm comunicar” e informar o funeral “do Sr. João de Deus Ramos de Miranda”. Até aqui tudo bem. Uma pessoa terminou a passagem por este mundo, levando aos seus conhecidos e amigos a manisfestar publicamente o seu “mais profundo e sentido pesar”.
Agora as coisas não são assim tão simples… Pois todos os anuncios, são relacionados com a Câmara Municipal de Matosinhos... A única excepção é a Assembleia Municipal de Matosinhos. O “anúncio” de maiores dimensões é mesmo da responsabilidade da Câmara Municipal.
Pensei, pronto o senhor foi pessoa que assumiu responsabilidades em todas as entidades que decidiram prestar o seu tributo público pela sua colaboração e nesse sentido talvez seja aceitável utilizar o dinheiro de todos para prestar uma homenagem ao senhor.
Contudo o que acontece, alguém me retifique se estou enganado e apresentarei as minhas desculpas, é que as 7 entidades públicas ou de capitais-participação públicos pagaram um espaço num jornal (nenhum está na secção de Necrologia do jornal) para fazer um “beija mão público”. Porquê?... Porque todos os "anúncios" sublinham que o senhor que faleceu é "pai do Ex.mo Presidente da Câmara Municipal, Narciso Miranda"...
A minha pergunta é muito simples: Tem estas entidades esta atitude sempre que um colaborador/trabalhador seu deixa este mundo? Ou se calhar, mais apropriada, vamos ter os meus “anúncios” pagos em jornais, quando um familiar directo de um trabalhador directo dessa entidade falecer?
A resposta é mais do que obvia!
Daí ser legítimo questionar esta atitude e afirmar que se trata de um reprovável “beija mão público!”

Que fique bem claro, não tenho mesmo nada contra as pessoas em causa. Apenas questiono e reprovo a utilização das instituições num acto de cariz pessoal, que é a morte.

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