"Termino, justificando a falta de acentos nas palavras. Nao e por esquecimento, mas sim por restricoes..."
Foi assim que terminou o primeiro post do Lapis de Cor.
Hoje, passados três anos, muita coisa mudou... Mas mesmo muita...
Na vida do autor do Lapis de Cor, são inúmeras e incontáveis as mudanças.
O Lápis de Cor esta associado à minha vinda para os EUA. O nome que apareceu foi de recurso e sinceramente não sei bem porque escolhi “Lápis de Cor”. Sei que o nome desejado estava ja “bloqueado” por outro utilizador. Tem piada que se me perguntarem hoje qual era o nome que desejava em concreto para o blogue, responderei que não me lembro. Apenas recordo vagamente que tinha associações com o mar (claro esta, o mar sempre ele!!)...
Neste post de celebração da existência do Lápis de Cor, tenciono implementar um cunho mais pessoal. Irónico, ate porque sempre tentei fazer o oposto... Poucas vezes (acho que no máximo duas vezes), raras mesmo, o Lápis de Cor publicou fotografias do seu autor. Da mesma forma sempre tentei não passar para o blogue o que se ia passando comigo a nível pessoal e profissional. Entendi este blogue como um local onde poderia opinar sobre o que me ia rodeando. Muitas vezes fui politico (correcto ou incorrecto segui sempre as minhas ideias e convicções) outras diplomático e ate de vez em quando lá fui escrevendo sobre ciência. Enfim, fui mantendo vivo o Lápis de Cor. O inicio e também o fim do Vilacondense marca(ou) definitivamente o Lápis de Cor. Embora quase sempre 'as turras, sempre existiu o sentimento de seguir o caminho do Vilacondense. Sempre centrado numa ideia de que Vila do Conde merece mais e melhor, o Vilacondense foi essencial para a sobrevivência do Lápis de Cor. Foi com Dupont (essencial em todo o processo e blogger magistral) e Dupond que verifiquei que um blogue também é uma forma valida de contribuir para uma melhor cultura cívica de uma sociedade e de uma cidade. O meu eterno obrigado!!
Voltemos então à pessoa que escreve este blogue.
Minha mãe costuma dizer que mais de metade dos cabelos brancos que disfarça regularmente são obra minha. Os mesmos “bichos carpinteiros” que levavam ao desespero de minha mãe foram (suponho...) responsáveis a decidir tentar “mudar de vida”. Sem perceber bem porque, mas com uma convicção forte, enviei uma carta de candidatura para o Programa Gulbenkian em Biomedicina. Lembro-me bem do momento de envio da carta... O envelope foi enviado com vestígios de óleo de bicicleta, pois em véspera de Pascoa encontrava-me a jogar voleibol na praia na Povoa. A certa altura alguém comenta que os correios fechariam à uma da tarde... Só tive tempo de pedir uma bicicleta emprestada para ir a casa buscar a carta de candidatura de forma a deixar no correio. Era o ultimo dia do prazo de candidatura... Para meu azar a corrente da bicicleta lembra-se de soltar a meio do caminho...
Num instante e em 2003 já me encontrava em Ann Arbor, Michigan. Hoje ando por Boston. Olhando para trás, sinceramente acredito que essa mudança geográfica foi apenas uma gota no meio do oceano, se tiver em linha de conta todas as alterações que aconteceram comigo no espaço destes três anos de Lápis de Cor.
Mas o que de facto realmente me marcou?...
Muitas coisas... São os detalhes que fazem a diferença, afirmo inúmeras vezes... Contudo, existiram acontecimentos fortes que realmente mexeram comigo. Grande parte deles tristes, desabafa-me a alma...
Vi a morte levar uma das pessoas que me eram mais próximas. Sem aviso, nem justificações, o Nuno partiu... Mais do que revoltado senti-me completamente impotente, ate insignificante mesmo. A sua morte me levou a entender que de facto a vida é curta.
Ultimamente, várias vezes ouvi dizer da mesma pessoa que estou diferente. Mais frio e principalmente mais distante... Essa pessoa, por sinal a pessoa mais importante na minha vida, hoje não fala comigo (Será passageiro! – Convenço-me todos os dias de forma a não massacrar-me sentimentalmente.). Ao contrario do que ela pensa, as suas palavras tem um peso institucional em mim. Embora não pareça levo-as sempre comigo e em linha de conta. Eu ouço e mais importante internalizo a mensagem. Em vários momentos de introspecção me questionei sobre quais as razoes para estar “mais frio e distante”... Não raras as vezes uma das razoes plausíveis para este distanciamento é o intrínseco mecanismo de autodefesa que os humanos possuem. Não o faço voluntariamente ou de forma calculada. Se hoje estou diferente são marcas da vida. É também o preço da perda da inocência.
Este ano, não faltara muito tempo, faço trinta anos.
Deixarei em breve de ser etiquetado como jovem... Não é coisa que me apoquente a alma esta coisa da idade...
Bem... O post já vai longo (varias vezes o perdi de vista e sai do computador...) e receio que confuso quanto baste... Melhor assim, pois recebe o carimbo original do autor do Lápis de Cor. Fosse este post linear e estreito no pensamento e vos diria que estava diferente... Ao menos valha-me isso, passados quase trinta anos, dos quais três com o Lápis de Cor, de existência e continuo a ser o mesmo... Os “bichos carpinteiros” continuam por cá e de boa saúde!
PARABENS ao LAPIS DE COR!!
Sem comentários:
Enviar um comentário